Texto: Bel Gasparotto
"Vejo que no fim nada mudou
O mundo ainda gira e ninguém parou
Tudo que foi nunca nos deixou
Nós somos a história que o mundo contou"
'Nada Mudou' - Vitor Trida
O mundo ainda gira e ninguém parou
Tudo que foi nunca nos deixou
Nós somos a história que o mundo contou"
'Nada Mudou' - Vitor Trida
E então chega às lojas o mais novo registro de estúdio em 35 anos d’Os Mutantes, “Haih... or Amortecedor”. Nas lojas do mundo todo, menos do Brasil, e é por aí que começa a estranheza do novo trabalho. Uma banda que vai além de ser brasileira, uma banda que exala brasilidade, não ter seu trabalho lançado na terra natal. Europeus, norte-americanos, japoneses, australianos e canadenses já podem conferir “Haih”, mas os brasileiros não.
Como todo fã de Mutantes, resisti um pouco, cheguei a pensar que seria melhor não ouvir para evitar decepção. Seria melhor não ser lançado, existem bandas que acabam e pronto. Mas, como todo fã, não resisti, e talvez pela desconfiança é que o disco surpreende tanto. Engana-se, claro, quem espera encontrar Os Mutantes de 1968 nas novas composições, mas como disse Sérgio Dias, o último mutante original na banda, é um disco honesto e não tem nada a ver com nenhum trabalho anterior, é um trabalho novo.
O disco começa e termina com uma colagem, “Hymns of the World Pt.1 (Intro)” e “Hymns of the World Pt.2 (Final)”. Na primeira parte, Vladimir Putin dirige-se ao exército soviético, na segunda, o hino brasileiro mesclado com o soviético. Soa enigmático.
“Querida Querida” é a segunda faixa do disco, e impressiona pelas altas notas alcançadas pela vocalista Bia Medes. A composição e o ritmo também agradam, denunciam o inegável passado mutante e dão fôlego para seguir a audição, já sem aquele ‘pé atrás’.
O companheiro tropicalista Tom Zé é co-autor de seis faixas e ainda divide com Bia Mendes os vocais de “Anagrama”, uma balada bem melosa e provavelmente a mais pop do disco.
Outra colaboração é do também companheiro de outras datas Jorge Ben Jor, com a inédita “O Careca”. A fórmula parece a mesma de “A Minha Menina”, de 1968: um rock com uma pitada grande de samba, uma letra repetitiva e grudenta, bem menos agradável do que a irmã de 1968.
“2000 e Agarrum” é uma mistura que soa um tanto difícil, talvez a mais estranha do disco. Mistura ritmos latinos com nordestinos e ainda algo que parece uma fanfarra. Francamente, experimentalismo demais e até bem gratuito. Experimentalismo que lembra muito os trabalhos do já citado Tom Zé.
“Bagdad Blues” carrega também um certo experimentalismo, mas não é nada exagerado. Essa sim me parece bem dosada, bem composta e bem cantada. Sim, Sérgio até grita, e fica ótimo!
Ainda nas comparações inevitáveis, “Samba do Fidel” também tem uma irmã de décadas atrás, muito parecida com “El Justiciero” de 1971, menos divertida, porém bem crítica e ácida. “Nada Mudou” também lembra a sonoridade antiga, principalmente o instrumental a la Beatles e os vocais mais adocicados de Sérgio Dias.
“Teclar”, “O Mensageiro”, “Gopala Krishna Om” e “Neurociência do Amor” têm uma cara bem atual, com a pitada certa de saudosismo. Essas realmente me parecem bem ‘honestas’, como foi citado no início.
Todas mostram a pegada de quem viveu e transformou os tempos áureos do tropicalismo, da experimentação, mas que entende que disso só se pode trazer a lembrança, a influência, impossível fazer tudo como era antes. Quem entender isso, essa localização de um álbum d’Os Mutantes no século XXI e não comparar com os loucos anos 70, com certeza vai desfrutar de um belo trabalho.
Como todo fã de Mutantes, resisti um pouco, cheguei a pensar que seria melhor não ouvir para evitar decepção. Seria melhor não ser lançado, existem bandas que acabam e pronto. Mas, como todo fã, não resisti, e talvez pela desconfiança é que o disco surpreende tanto. Engana-se, claro, quem espera encontrar Os Mutantes de 1968 nas novas composições, mas como disse Sérgio Dias, o último mutante original na banda, é um disco honesto e não tem nada a ver com nenhum trabalho anterior, é um trabalho novo.
O disco começa e termina com uma colagem, “Hymns of the World Pt.1 (Intro)” e “Hymns of the World Pt.2 (Final)”. Na primeira parte, Vladimir Putin dirige-se ao exército soviético, na segunda, o hino brasileiro mesclado com o soviético. Soa enigmático.
“Querida Querida” é a segunda faixa do disco, e impressiona pelas altas notas alcançadas pela vocalista Bia Medes. A composição e o ritmo também agradam, denunciam o inegável passado mutante e dão fôlego para seguir a audição, já sem aquele ‘pé atrás’.
O companheiro tropicalista Tom Zé é co-autor de seis faixas e ainda divide com Bia Mendes os vocais de “Anagrama”, uma balada bem melosa e provavelmente a mais pop do disco.
Outra colaboração é do também companheiro de outras datas Jorge Ben Jor, com a inédita “O Careca”. A fórmula parece a mesma de “A Minha Menina”, de 1968: um rock com uma pitada grande de samba, uma letra repetitiva e grudenta, bem menos agradável do que a irmã de 1968.
“2000 e Agarrum” é uma mistura que soa um tanto difícil, talvez a mais estranha do disco. Mistura ritmos latinos com nordestinos e ainda algo que parece uma fanfarra. Francamente, experimentalismo demais e até bem gratuito. Experimentalismo que lembra muito os trabalhos do já citado Tom Zé.
“Bagdad Blues” carrega também um certo experimentalismo, mas não é nada exagerado. Essa sim me parece bem dosada, bem composta e bem cantada. Sim, Sérgio até grita, e fica ótimo!
Ainda nas comparações inevitáveis, “Samba do Fidel” também tem uma irmã de décadas atrás, muito parecida com “El Justiciero” de 1971, menos divertida, porém bem crítica e ácida. “Nada Mudou” também lembra a sonoridade antiga, principalmente o instrumental a la Beatles e os vocais mais adocicados de Sérgio Dias.
“Teclar”, “O Mensageiro”, “Gopala Krishna Om” e “Neurociência do Amor” têm uma cara bem atual, com a pitada certa de saudosismo. Essas realmente me parecem bem ‘honestas’, como foi citado no início.
Todas mostram a pegada de quem viveu e transformou os tempos áureos do tropicalismo, da experimentação, mas que entende que disso só se pode trazer a lembrança, a influência, impossível fazer tudo como era antes. Quem entender isso, essa localização de um álbum d’Os Mutantes no século XXI e não comparar com os loucos anos 70, com certeza vai desfrutar de um belo trabalho.
2009 - HAIH... OR AMORTECEDOR
01 | Hymns Of The World P | 1 (Intro)
02 | Querida Querida
03 | Teclar
04 | 2000 e Agarrum
05 | Baghdad Blues
06 | O Careca
07 | O Mensageiro
08 | Anagrama
09 | Samba Do Fidel
10 | Neurociência Do Amor
11 | Nada Mudou
12 | Gopala Krishna Om
13 | Hymns Of The World P | 2 (Final)
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01 | Hymns Of The World P | 1 (Intro)
02 | Querida Querida
03 | Teclar
04 | 2000 e Agarrum
05 | Baghdad Blues
06 | O Careca
07 | O Mensageiro
08 | Anagrama
09 | Samba Do Fidel
10 | Neurociência Do Amor
11 | Nada Mudou
12 | Gopala Krishna Om
13 | Hymns Of The World P | 2 (Final)
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