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sábado, 21 de agosto de 2010

Erik Satie

O estilo anticonvencional, econômico e por vezes irônico do compositor Erik Satie representa a primeira ruptura significativa com o romantismo francês do século XIX. Injustamente tomado por muitos como impostor, exerceu grande influência no desenvolvimento da música do século XX, particularmente na França, inclusive entre os impressionistas a quem abertamente ironizava.

Erik-Alfred-Leslie Satie nasceu em Honfleur, Calvados, França, em 17 de maio de 1866. Quando era ainda pequeno, seu pai mudou-se para Paris e deixou-o aos cuidados dos avós, na cidade natal. Seu excêntrico tio Adrien teve provavelmente grande influência sobre a personalidade do menino nesses anos de formação. Aos 12 anos reencontrou o pai, então editor musical em Paris, e em 1879 entrou para o conservatório de música naquela cidade, que depois abandonou. A repulsa aos ensinamentos acadêmicos levou-o a ganhar a vida como pianista de cafés. Seus primeiros trabalhos importantes, Trois gymnopédies (1888) e Trois gnossiennes (1890), expressam sua reação contra a grandiloqüência e o sentimentalismo românticos, por meio de profunda austeridade e da alteração das formas e estruturas tonais tradicionais.

Por volta de 1890, conheceu Debussy -- com quem manteria íntima amizade por mais de trinta anos, até o rompimento, alguns anos antes da morte do músico impressionista -- e tornou-se rosacruz. Escreveu inúmeros trabalhos sob influência da doutrina, como a Messe des pauvres (1895; Missa dos pobres), em que mostrou seu interesse pela espiritualidade medieval mediante o contraste de harmonias cromáticas requintadas com a simplicidade e impessoalidade do cantochão.

A partir de 1898, Satie levou vida solitária e excêntrica em Arcueil, subúrbio de Paris, onde não permitia que ninguém entrasse em seu apartamento. Em 1905 retomou os estudos na Schola Cantorum, onde foi discípulo de Vincent d'Indy e Albert-Charles-Paul-Marie Roussel por três anos. Seu temperamento sarcástico manifestou-se nos títulos de suas composições, como Embryons desséchés (1913; Embriões dissecados), e nas indicações ao intérprete, tais como "leve como um ovo", em que parodiava os impressionistas. O balé Parade (1917), com cenário de Jean Cocteau e figurinos de Pablo Picasso, incluía entre os instrumentos objetos insólitos como sirenes, máquinas de escrever e uma roda de loteria, e introduziu na música as concepções revolucionárias do surrealismo e do dadaísmo.

O grupo Les Six, que reunia jovens compositores decididos a criar uma música autenticamente francesa, tomou Satie como patrono espiritual. Sua obra-prima, o drama sinfônico Socrate (1918), para quatro sopranos e orquestra de câmara, baseia-se nos diálogos de Platão. Suas últimas obras para piano, completamente sérias, são cinco noturnos de 1919. Erik Satie morreu em Paris, em 1º de julho de 1925.

©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.


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(Alexandre Tharaud)

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