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domingo, 5 de abril de 2015

Kris Kringle | Sodom

Kris Kringle foi um projeto paralelo, um dos nomes de grife usados pelo grupo Memphis, campeão das domingueiras paulistanas no Clube Pinheiros e Círculo Militar em São Paulo, no início dos anos 70. O Memphis começou em 1966 como Bumble Bees e passou pelo Colt 45, mas também usou nomes de grupos fantasmas, como The Fox, Beach Band, Young Fellow, Joe Bridges e Baby Joe.

O Kris Kringle (Papai Noel em alemão) lançou o petardo “Sodom” em 1971. Entre as várias versões de músicas de sucesso, destaque para a versão heavy-psicodélica de "Help", dos Beatles, o progressivo jurássico de "Sarabande" e o som Deep Purple total de "That's my love for you". Tudo no lugar: riffs grudentos, solos sinuosos, bateria acelerada, vocal hard e coruscantes linhas de baixo do virtuose Nescau. E, claro, órgão Hammond sempre na hora certa e na medida. Do primeiro ao último sulco, rock puro na veia!

Um avanço para a época, o LP já foi lançado em estéreo, em ótima produção do mago de estúdio Cesare Benvenuti. Experimente ouvir com fones de ouvido de boa qualidade. Tudo foi gravado, mixado e masterizado (no talo!) à perfeição, no histórico Estúdio Gazeta (Estúdios Reunidos), na Av. Paulista, 900, no quarto andar do prédio da Fundação Cásper Líbero. Diferentemente até de CDs produzidos nos anos 90, o som é forte, redondo, encorpado e tonitruante. Nada de som de radinho de pilha, muito menos bateria de caixinha de fósforos. Meia hora de pau puro, para nenhum headbanger botar defeito!

Pelo grupo, passaram, entre outros: Dudu França (Joe Bridges), bateria e lead vocal; Marcos Maynard (Marcão), guitarra-base, órgão e vocais; Carlos Alberto Marques (Carlinhos), guitarra, saxofone e vocais; Juvir Moretti (Xilo), guitarra-solo e vocais; Marco Antônio Fernandes Cardoso (Nescau), baixo e vocais; e Otávio Augusto Fernandes Cardoso (Otavinho), guitarra-base, teclados e vocais.

Sodom é um lugar de confusão, cenas de tumulto, confusão e gritaria. Homem maluco ou lunático sem ordem! No conceito de Kris Kringle, a palavra recebe um novo e diferente sentido. Sodom vem a ser o som de duas vozes, Kris Kringle e Joe Bridges; separadamente explosivas e, quando juntas, incomparáveis.

Sodom são as cordas da guitarra, movidas ferozmente por Mark Kringle. Sodom é o movimento de Joe Bridges, que não toca, mas ataca sua bateria. Sodom é você, a audiência acompanhando o ritmo com as mãos, deixando-os juntos nesse palpitante ritmo, e seus pés acompanhando com a dança, porque o som os força a isso.

Enfim, Sodom é o agradável trabalho, excitação e exaustão que entram na criação de um LP que não é um LP, mas um ato final num longamente esperado sonho. É a criação de seis rapazes guiados por seu produtor. (Trad. Peja Prod.)


O encarte viajandão parece usar linguagem cifrada. Além disso, finge, na maior caradura, ser tradução de um suposto original em inglês. As ilustrações também são totalmente psicodélicas, "mutcho lôkas" mesmo, condizentes com a viagem musical proposta pelo disco. O álbum, disputado a tapa nos sebos nacionais e internacionais por até US$ 300, teve bastante repercussão, pois mereceu uma segunda edição em 1972, e até um single lançado na França.

Por: Silvio Atanes

1971 | SODOM

01. Louisiana
02. Help
03. That's My Love for You
04. The Resurrection Shuffle
05. Janie Slow Down
06. Susie
07. The Monkey Song
08. Sarabande
09. Mr. Universe
10. What You Want

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