A Horse With No Name

cavalo

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Pearl Jam | Backspacer

Como soar feroz na era pós-Bush
Pearl Jam entre o vigor das guitarras e a contemplação da paisagem no novo CD

por Marcos Espíndola

Para quem apostava que o fim da Era Bush representaria um vácuo criativo na carreira de artistas que passaram os últimos oito anos vociferando (e “faturando”) contra a doutrina republicana, o Pearl Jam parece não revelar sintomas. E o melhor, voltou-se para o rock em Backspacer, seu nono trabalho e o primeiro após três anos de infindáveis lançamentos de registros ao vivo. Simples, direto, enérgico e rápido, 11 faixas que se diluem em 36 minutos.

Oficialmente lançado ontem, Backspacer sai em formato digital (incluindo uma edição especial em CD e LP, que traz ainda um livreto concebido em parceria com o ilustrador Tom Tomorrow) e totalmente independente – eles deixaram a J Records, muito embora a Universal garanta a distribuição do álbum fora dos Estados Unidos. Ou seja, o quinteto liderado por Eddie Vedder ainda se revela disposto a comprar novas brigas, nesta caso pelo livre compartilhamento de conteúdo pela internet. Mas está em paz, seja entre seus integrantes, com o seu país e com o rock.

E nesta volta às raízes, o Pearl Jam foi buscar Brendan O’Brien, que produziu do aclamado Vs. (1993) ao fraco Yield (1998). O resultado é um álbum que dialoga entre o rock acelerado e o contemplativo, condensando a instrospecção de Eddie na trilha de Na Natureza Selvagem (filme de Sean Penn e que rendeu a Vedder um Globo de Ouro em 2007) e o vigor sonoro dos guitarristas Stone Gossard e Mike McCready.


Começa com duas faixas de riffs acelerados (porém nada extensos) e de poucos refrãos, Gonna See My Friend e Got Some. Músicas que, a exemplo de Supersonic (oitava faixa), remetem à despretensão do punk rock. Mas a veia sessentista do Pearl Jam também soa vigorosa na potente Force of Nature.

Mas esta curta viagem também se permite a paradas esporádicas para a contemplação da paisagem, como Just Breathe, Almongst The Waves e até a derradeira The End.

Ainda que esteja distante de um trabalho que venha a ser lembrado daqui a cinco anos, Backspacer pode ser festejado justamente por conferir um sorriso à faixada carrancuda sustentada pela banda ao longo de quase uma década de brigas contra gravadoras, empunhando causas políticas, contra as guerras do Iraque e Afeganistão e contra o governo George W. Bush. Assim como toda a ala liberal do showbiz norte-americano, o Pearl Jam resolveu dissimular enquanto a América do democrata Barack Obama arde em chamas em sua crepitante dissensão racial. Mas, até quando?

2009 | BACKSPACER

01. Gonna See My Friend
02. Got Some
03. The Fixer
04. Johnny Guitar
05. Just Breathe
06. Amongst The Waves
07. Unthought Known
08. Supersonic
09. Speed Of Sound
10. Force Of Nature
11. The End

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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Desapego

“Natal, fim de ano, recomeçar. Tempo de abrir mão do que não serve mais.

E o que é o apego? É a tentativa de reter o que está a nossa volta. Muitas vezes nos apegamos a um sem fim de coisas como se isto fosse possível preservá-las para sempre. Relacionamentos, bens materiais e idéias. E, quanto mais apego sentimos a qualquer uma dessas coisas, mais vulneráveis ficamos ao ciúmes, à mágoa, ao medo da perdas. E, então, vem o sofrimento.

É preciso coragem para aliviar a bagagem que carregamos ao longo da vida. Seja ela de bens materiais que já não usamos mais como também de crenças e pensamentos cristalizados ou obsoletos.

E, se o antigo não serve mais, como abrir espaço para o novo? Abrindo mão do que pode ir embora sem deixar saudades. Tenha sempre em mente que algo melhor para nosso crescimento espiritual precisa entrar. E se não abrimos mão do velho, como pode haver espaço para o novo?

Por isso, o exercício do compartilhar é tão importante. Ainda mais no mundo de hoje em que imperam o egoísmo e o individualismo.

Compartilhar não é deixar de ter. Podemos compartilhar livros que estão empoeirando nas estantes, roupas que não usamos mais, objetos sem valores estocados nos armários de nossas casas.

Mas, o melhor mesmo é compartilhar o amor. Porque, no que diz respeito ao amor - ao verdadeiro amor - ele não é subtraído quando o damos aos outros. O amor compartilhado não diminui mas aumenta os laços afetivos a nossa volta

Praticar o desapego é acreditar que o que se possui verdadeiramente nunca se perde, sempre está aqui e, quando compartilhado, aumenta, não diminui.”

Desconheço o autor.

Texto enviado pelo brother e parceiro Jorge Carlet do blog: Só Para Morcegos

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Carole King


Carole King havia entrado para o panteão pop, durante os anos 60, numa legendária parceria com seu então marido, Gerry Goffin, como autora de vários sucessos gravados por diferentes artistas. Mas se reinventou de forma dramática e surgiu como uma estrela solo com este álbum marcante.

A capa é claramente doméstica - King, de jeans, bordado nas mãos, com seu gato em primeiro plano - e seu clima caseiro se reflete na produção despojada e nos arranjos. Os vocais sem enfeites de King variam entre estridentes e pesados e pesados ("I Feel The Earth Move"), melancólicos ("So Far Away", "Home Again") e divertidos ("Smackwater Jack"). Músicas como "Will You Still Love Me Tomorrow" e "(You Make Me Feel Like) A Natural Woman" já tinham sido gravdas pelas Shirelles e por Aretha Franklin, respectivamente. Mas as versões nuas de King - em especial a primeira, que ela canta com uma tocante tristeza - são releituras que valeram a pena.

A qualidade absoluta do disco não demorou a dar frutos. A honestidade dolorida de "It's Too Late" garantiu a King o 1º lugar nos EUA. O álbum ficou no topo das paradas americanas durante 15 semanas seguidas, vendendo mais de 15 milhões de cópias no mundo inteiro.

Há uma tradição não escrita nos EUA de que os calouros tem de conhecer Simon & Garfunkel - as reflexões literárias, muitas vezes melancólicas, da dupla parecem casar com a cabeça dos universitários. No mesmo espírito, Tapestry deveria fazer parte do currículo do 1º ano, como exemplo de uma artista empenhada em deixar seu próprio legado, mas fazendo o público se sentir em casa.

Do livro: 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer

1971 | TAPESTRY

01 | I Feel The Earth Move
02 | So Far Away
03 | It's Too Late
04 | Home Again
05 | Beautiful
06 | Way Over Yonder
07 | You've Got a Friend
08 | Where You Lead
09 | Will You Still Love Me Tomorrow?
10 | Smackwater Jack
11 | Tapestry
12 | (You Make Me Feel Like) A Natural Woman

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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Van Halen



Van Halen é o álbum de estreia da banda Van Halen, gravado em 1977 e lançado em 10 de fevereiro de 1978. Este álbum está na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame. Ocupa também a 415ª colocação na lista dos 500 Melhores Álbuns de Todos os Tempos pela revista Rolling Stone.

A banda ja era conhecida por tocar covers nos bares de Los Angeles. Os integrantes da banda queriam mostrar um som diferente do que era tocado nas rádios nos anos 70. Durante uma apresentação em um bar em 1976 o baixista e vocalista do Kiss, Gene Simmons, viu eles tocando, gostou e os chamou para gravar uma demo que, entretanto, não foi aceita pelas gravadoras. Eles continuaram procurando mais oportunidades de mostrar o som da banda.

Já em 77, Ted Templeman (um produtor da Warner Music Group) apareceu e os viu tocando de novo no mesmo bar em que Gene Simmons encontrou-os tocando em 76. Ted gostou e resolveu dar um jeito de contrata-los e gravar o disco. Os integrantes da banda assinaram contrato com a Warner Music Group em maio de 1977.

Esse album é considerado um dos melhores e mais famosos albuns de hard rock e heavy metal até hoje, chegando até a ser comparado com alguns albuns do Led Zeppelin.

Por sua grande habilidade com a guitarra, Eddie Van Halen passou a ser comparado à ícones da música, como Jimi Hendrix, popularizando também a técnica de Tapping, visível no famoso solo Eruption, que influenciou milhares e milhares de guitarristas atuais.

Fonte: Wikipédia

1978 | VAN HALEN

Runnin' With the Devil
Eruption
You Really Got Me
Ain't Talkin' 'Bout Love
I'm the One
Jamie's Cryin
Atomic Punk
Feel Your Love Tonight
Little Dreamer
Ice Cream Man
On Fire

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domingo, 12 de dezembro de 2010

Yes



Um dos mais elogiados grupos do rock progressivo escreveu em definitivo seu nome no cenário mundial com um álbum de 1972, intitulado simplesmente “Fragile”. Com produção do lendário Eddie Offord e capa de Roger Dean (que daria início a uma longa parceria e passaria a ser uma das marcas registradas do Yes desde então), o disco trazia ao todo nove faixas: quatro músicas desenvolvidas pelo grupo e as cinco restantes por cada um de seus integrantes, onde sua individualidade era explorada em benefício do todo.

A primeira faixa, “Roundabout” (que, lançada em compacto em versão reduzida, tornou-se o grande hit de “Fragile”), principiava por uma nota soando, imperceptível a princípio, e terminando não por um estrondoso acorde, como seria esperado, mas por um suave harmônico no violão de Howe. Seu arsenal de guitarras, violões, pedal steels (e o que mais você imaginar que tenha cordas), os diversos teclados de Rick Wakeman, o timbre agudo do baixo Rickenbacker de Squire (que acabou tornando o instrumento mundialmente conhecido e um must entre todos os baixistas do gênero), a bateria explorada como se fossem peças independentes de percussão por Bill Bruford e o vocal peculiarmente alto de Jon Anderson reinariam absolutos na cena progressiva nos anos seguintes e ditariam padrões para os grupos que surgiriam naqueles dias. “Roundabout” tem tudo isso numa composição de rara felicidade, onde letra, melodia e arranjo se completam. Os versos “I’ll be the round about/The world will make you out ‘n’ out/You change the day your way...” seriam cantados nos palcos de todo o mundo quase como um hino pelos fãs.

A segunda faixa, “Cans and Brahms” é a primeira das “idéias individuais, pessoalmente arranjadas e organizadas”, como anunciava o encarte do disco. Na verdade não passa de um exercício de Wakeman sobre extratos do terceiro movimento da Quarta Sinfonia em Mi menor, do compositor erudito alemão Johannes Brahms, onde se utiliza, com maior destaque, do piano elétrico e do órgão. Dando continuidade à idéia de cada componente compor, arranjar e interpretar uma peça, ouvimos Jon Anderson se desdobrar nos vocais, inclusive eletronicamente modificados, em “We Have Heaven”.

Ao fechar-se a porta (literalmente, em termos de áudio) e ouvirmos um cavalo trotando ao som do vento que anuncia uma tempestade, surge “South Side Of The Sky”, com o grupo desenvolvendo o tema da peça por três vezes, onde a guitarra de Howe sobressai-se ao som da banda, em frases pequenas e gritantes. A banda pára, permitindo destacar-se apenas o piano de Wakeman em uma linda passagem, que conduz à outra (como convém a uma música dita progressiva), onde os vocais de Anderson, Howe e Squire traduzem uma imensa sensação de tranqüilidade, até morrerem no som do piano e preparar a volta ao tema central, forte e angustiante.

Para recomeçar, uma idéia de Brufford que dura somente 33 segundos, onde o ritmo sobrepõe-se aos outros elementos (melodia e harmonia). As cordas de Howe criam uma linha alegre e meio jazzística e preparam outro momento brilhante do grupo, em “Long Distant Runaround”. Imperceptivelmente ela se liga ao momento de Chris Squire no disco, “The Fish (Shindleria Prematurus)”. Ao contrário de músicas solos de baixistas, Squire utiliza os diversos baixos, vocais e percussões para gerar uma massa sonora que se assemelha ao som do Yes completo. Aí se tem uma real noção de sua importância na música e no timbre do Yes.

Chegamos a um ponto em que temos que dar uma pausa, pois a próxima peça (e a última das experiências individuais) é nada mais, nada menos que “Mood For A Day”. Esta pequena jóia para violão, uma obra-prima de 2 minutos e 55 segundos, serviu de teste para violonistas e guitarristas por todo o planeta. Sua singeleza, suavidade e beleza, executada por Steve Howe com uma musicalidade extrema, deveria servir de bíblia para muitos guitarristas que acreditam que disparar qualquer nota com muita velocidade é saber tocar.

O álbum fecha com “Heart Of The Sunrise”: analisar essa música é dissecar a própria essência do som do Yes. O tema inicial, criado a partir de uma escala de Lá menor, vigoroso e ao mesmo tempo reflexivo, é executado com uma velocidade e precisão atordoantes, e irá nos levar ao vocal de Anderson, que chega a soar diferente e distante, tamanha a suavidade que ele empresta à interpretação. Os temas vão e vem, permitindo que todos os músicos se destaquem e mostrem seu imenso talento. E embora se fale muito em Howe, Squire, Anderson e Wakeman, apure seus ouvidos nesta faixa para o trabalho de Brufford.

A porta se abre e o tema de “We Have Heaven” é repetido até suas notas morrerem ao longe e nascer, assim, a vontade de se voltar à primeira faixa e ouvir tudo de novo.

Não é exatamente isso que acaba fazendo de um disco um clássico?

Por: Raul Branco

2003 | FRAGILE
(Remastered)


Roundabout
Cans And Brahms
We Have Heaven
South Side Of The Sky
Five Percent For Nothing
Long Distance Runaround
The Fish (Schindleria Praematurus)
Mood For A Day
Heart Of The Sunrise
America
Roundabout (Early Rough Mix)

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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Sub Rosa


The Gigsaw (expressão intraduzível para o português, que faz um trocadilho entre as palavras inglesas Jigsaw – quebra-cabeças – e Gig – evento musical) é o disco de estréia da banda, com 14 faixas. Este disco é uma narrativa velada do ciclo da vida, permeada pelos eventos que marcam a passagem do indivíduo pela existência e as marcas que este indivíduo deixa em outrem, que refletirão a longo prazo, quando este não mais estiver presente.

Temas como plenitude, impulso de conhecer e passar o conhecimento aos demais, atos passionais, devoção, expansão da consciência, emoções-afetos-desejos, conflito, aniquilação, poder, ansiedade, alienação x manipulação, evolução e finitude são trabalhados dentro de uma narrativa que faz com que uma música complemente a outra, fazendo do disco uma peça indivisível, mas também permite que cada faixa tenha sua individualidade, seja auto-suficiente e funcione fora do conceito do disco.

Mais informações: subrosa.com.br

2009 - GIGSAW

Symptoms of Life
Igneous Vortex Dancer
Ensalvement Of Beauty
Equinox
Amok
Your Eyes
The Order
Zeitgeist
Widow´s Daughter
The Mirror
The Last Ride Part 1
The Last Ride Part 2
Fatality Show
Symptoms of Life
Canon In D (Live Bonus)

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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

AC/DC


Uma capa pode ser descrita apenas como preta? Ok. Um vocalista principal morto, afogado no próprio vômito? Sim. Perspectivas pré-históricas sobre sexualidade nos títulos das músicas? É isso aí. É perfeitamente possível confundir o AC/DC com o Spinal Tap, já que os dois grupos preenchem tudo o que é necessário para ser uma paródia de banda de heavy metal. Mas os australianos escaparam dessa caricatura ao produzirem um rock básico, divertido e poderoso.

Quando o cantor Bon Scott morreu, em fevereiro de 1980, o AC/DC já tinha conquistado a Europa, mas os Estados Unidos ainda era um território distante. O grupo era extremamente ambicioso e recrutou o vocalista Brian Johnson, seguindo uma recomendação do produtor Robert Lange.

A única insinuação real de Tappery está logo no início de Hells Bells, quando as badaladas de um sino sinistro nos fazem temer que a banda esteja a ponto de embarcar em seu próprio Stonehenge. Logo em seguida, contudo, as guitarras dos irmãos Young entram e a pauleira rola solta.

Back In Black e Have A Drink On Me são homenagens a Scott, mas quase não sentimos sua falta no restante do disco, já que os poderosos gritos de Johnson se encaixam perfeitamente na mixagem.

A libertinagem rude de Let Me Put My Love... - "deixe que eu corte seu bolo com minha faca" - reafirma que a morte de Scott não mudou em nada a cabeça dos rapazes. A última faixa, Rock And Roll Ain't Noise Pollution, é uma alfinetada nos críticos mais intelectualizados.

O AC/DC finalmente fez sucesso nos Estados Unidos com Back In Black, atingindo a soma de um milhão de discos vendidos por ano nos cinco anos seguintes. Eles, bem como todos aqueles que curtiram seu rock, nunca olharam para trás.

Por: Seth Jacbson

1980 | BACK IN BLACK

01 | Hells Bells
02 | Shoot To Thrill
03 | What Do You Do for Money Honey
04 | Givin' The Dog A Bone
05 | Let Me Put My Love Into You
06 | Back In Black
07 | You Shook Me All Night Long
08 | Have A Drink On Me
09 | Shake A Leg
10 | Rock And Roll Ain't Noise Pollution

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Ira!

Um dos mais subestimados discos dos anos 80, Psicoacústica é um dos últimos bons momentos do Ira!, apesar do fracasso comercial do álbum. Um disco difícil, com apenas oito faixas e sem nenhuma faixa de trabalho que quase decretou o final do quarteto, após dois LPs de sucessos.

Dois discos de sucessos, cheios de hits e trilha-sonora até em uma novela da Globo.

Certamente, o Ira! era uma das mais bem-sucedidas bandas dos anos 80 e dono de um dos melhores shows da década, com performances sempre fortes, contundentes e precisas. Encharcados do espírito mod, a primeira grande inspiração de Edgard Scandurra, desde menino apaixonado pelo filme e disco Quadrophenia, do The Who, o Ira! tinha alcançado uma posição extremamente confortável no cenário brasileiro. Por isso, causou tamanha perplexidade o terceiro LP do Ira!, Psicoacústica.

O título fazia alusão a um fenômeno físico. A psicoacústica estuda a percepção subjetiva das qualidades (características) do som: intensidade, tom e timbre. Estas qualidades ou características do som estão, por sua vez, determinadas pelos próprios parâmetros do som, principalmente, freqüência e amplitude (explicação retirada do Wikipedia). E o grupo queria uma obra ousada, como o rock brasileiro não havia tentado.

O Ira! passava um momento complicado. A visão romântica e sonhadora dos primeiros tempos era substituída por uma visão mais crua e real do mundo. Os integrantes começavam a constituir família, as responsabilidades cresciam, as drogas eram consumidas em maior escala e os gostos musicais dos integrantes iam se alargando. Nasi e o baterista André Jung estavam interessados em rap e acabaram produzindo o primeiro LP de Thaíde e DJ Hum, Pergunte a Quem Conhece, em 1989. E os dois participariam de forma mais ativa no disco.

A concepção foi extremamente complicada. Primeiro, fizeram uma faixa em homenagem ao filme ao filme O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla, Rubro Zorro, onde desejavam usar algumas falas da película, ao fundo. Nasi procurou o diretor para a liberação da mesma e ouviu um ok, desde que ele dirigisse um vídeo para a música. A idéia foi aceita pela a WEA, a gravadora, mas que refugou ao saber do montante pedido pelo diretor para o trabalho. Irritado, o diretor ligou para o vocalista várias vezes, ameaçando embargar a faixa.

O segundo problema aconteceu com a faixa Receita Para Se Fazer Um Herói. Edgard havia utilizado uma parte de uma letra feito por um colega de exército de Edgard, Esteves. Contudo, Esteves pediu uma grana alta para a liberação da mesma e ameaçou também embargar a obra. A confusão só foi resolvida quando a viúva do escritor português Reinaldo Edgar de Azevedo e Silva Ferreira, que era o verdadeiro dono do poema, foi encontrada e liberou a utilização.

O disco foi editado no estúdio Nas Nuvens, de Liminha, no Rio de Janeiro, em um clima pesadíssimo. Nasi conta que a banda passou boa parte do tempo fumando maconha que havia sido encontrada em uma grande lata do iate Solano Star, que havia despejado 20.000 delas com 1,5 quilos de maconha prensada com mel e glicose, nas costas litorâneas de São Paulo e Rio de Janeiro, para não ser preso pela Polícia Federal. A polícia conseguiu recuperar apenas 2500 delas, e a restante abasteceu a capital fluminense, que viveu o famoso "Verão da Lata". A produção foi assinada pela banda e pelo engenheiro de som português Paulo Junqueiro e o LP foi gravado em um clima de caos, improviso e caos.

O disco causou apreensão na gravadora. Não havia uma faixa de trabalho evidente, as músicas eram longas, difíceis e pretendia uma ruptura com o passado do grupo. Ao invés de hinos à juventude, feitos por Edgar, o Ira! entregava um álbum com samplers, rap e temas pesados. Além disso, o álbum original trazia, no encarte, um óculo de 3D para brincar com os efeitos da imagem da capa. E, pela primeira vez, o Ira! gravava uma música que não tivesse a participação do guitarrista; Advogado do Diabo era uma parceria de Nasi e de André Jung e uma grande inspiração para o músico Chico Science, que a apresentava nos shows do ação Zumbi.

O grupo abusava dos efeitos na guitarra de Edgard, que foi a voz principal em Farto de Rock'n'Roll. Edgard fez uma letra que atacava o estilo de uma maneira sutil, mas Nasi não quis cantar a letra, preferindo fazer scratches. Rubro Zorro é, certamente, uma das melhores faixas do grupo, uma mistura muito bem feita de um solo ácido de Edgar, combinando com violão, samplers do filme de Sganzerla, porém, ousado demais para o público brasileiro. Outra bela faixa é Manhãs de Domingo, um dos últimos momentos "adolescentes" do grupo.

Por Mofo

1988 | PSICOACÚSTICA

01 | Rubro Zorro
02 | Manhãs de Domingo
03 | Poder, Sorriso, Fama
04 | Receita Para Se Fazer um Herói
05 | Peguei Essa Arma
06 | Farto do Rock 'n' Roll
07 | Advogado do Diabo
08 | Mesmo Distante


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The Cult

Ian Astbury jamais gostou de ver o Cult condicionado ao estilo gótico.

Segundo ele, isso limitou demais o começo do grupo, inclusive, na América, apesar do enorme sucesso que faziam no Reino Unido e outros países europeus. Após o sucesso de Love, o Cult queria se aproximar do rock que sempre amaram, dos anos 70, e grupos como Led Zeppelin, Bad Company, Free e Jimi Hendrix.

Mas as primeiras gravações começaram de maneira diferente. Após a excursão promocional do disco anterior, o grupo se trancou nos estúdios The Manor, em Oxfordshire, com o mesmo produtor de Love, Steve Brown. Foram gravadas 12 novas canções e o álbum se chamaria Peace. "Quando Love saiu, sabíamos que o título iria irritar a crítica. Como alguém poderia chamar de 'amor' um disco, em pleno ano de 1985? Pois, pensamos em chamar o novo de Peace, só para irritá-los ainda mais", conta Ian. Anos depois, o disco apareceria inteiro, na caixa Rare Cult, lançada em 2000.

Mas as sessões desagradaram o grupo, que considerou o som "superficial" demais. Resolveram partir para Nova York atrás do produtor Rick Rubin, que havia feito um tremendo sucesso, primeiro com grupos de rap, como Public Enemy e Run D.M.C e chamando a atenção de meio mundo, com o disco Reign in Blood, do Slayer. "Ao ouvirmos o trabalho de Rick com o Slayer, ficamos chapados. Queríamos aquele peso, aquelas guitarras. Tínhamos que trabalhar com ele", conta o guitarrista Billy Duffy.

A idéia inicial era que ele remixasse Love Removal Machine. Rick gostou da canção, mas sugeriu que a regravassem. Logo, ele estaria gravando o disco todo com o Cult. Rick pegou a banda em um momento difícil. As drogas e as bebidas começavam a tomar conta do grupo, que brigava a todo instante nos estúdios do lendário Electric Lady Sound, construído por Jimi Hendrix. Ian conta que, a certa altura, notaram um homem mais velho, quieto e que ouvia com atenção as músicas. Quando deu por si, percebeu que era nada menos que Robert Plant, o ex-vocalista do Led Zeppelin. "Robert foi extremamente gentil conosco. Disse que havia gostado das músicas, embora elas refletissem um período de transição do grupo. E ele estava certíssimo", relata Ian.

Em fevereiro de 1987, é editado o single Love Removal Machine. O susto dos fãs era grande. Saía os arranjos mais góticos, para entrar um rock vigoroso, forte e que copiava, nos primeiros acordes, "Star Me Up", dos Rolling Stones. "Nós sempre fomos apaixonados pelas bandas dos anos 70, como Led Zeppelin, Free etc. Não somos uma banda muito fã de blues. Na verdade, gostamos das bandas que foram influenciadas pelo blues", explicava Billy.

Em abril é lançado o disco, Electric, que confirmava o que o single espelhava: muito peso, letras mais simples, um rock mais urgente. "Cansei de ser associado ao gótico, nunca fui gótico. Bem, talvez tenha sido mais no meu visual do que na música, mas confesso que nossos discos anteriores tinham coisas supérfluas demais, arranjos pomposos. Mas agora mudamos, queremos algo mais seco, direto."

O grupo trazia como novo membro o baterista Les Warner, que havia participado da turnê de Love. O resto permanecia igual: Ian Astbury (vocais), Billy Duffy (guitarra) e Jamie Stewart (baixo).

Electric foi recebido com críticas diversas. Alguns gostaram da virada da banda, outros detestaram e os acusaram de "americanizarem" o som em demasia. O disco chegou em quarto lugar na parada britânica, com boas vendagens. Love tinha conseguido somar 300 mil cópias na Inglaterra e 1,5 milhão, nos EUA, enquanto Electric somou 3 milhões de cópias pelo mundo todo.

Por Mofo

1987 | ELECTRIC

01 | Wild Flower
02 | Peace Dog
03 | Lil' Devil
04 | Aphrodisiac Jacket
05 | Electric Ocean
06 | Bad Fun
07 | King Contrary Man
08 | Love Removal Machine
09 | Born to Be Wild" (Mars Bonfire)
10 | Outlaw
11 | Memphis Hipshake

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Supertramp

A música do Supertramp possui características únicas. Virtuoses em seus instrumentos, os membros do grupo, vindos da cena progressiva britânica, no decorrer de suas carreiras aproximaram-se do pop, e o resultado foi uma sonoridade única.

Paris, duplo ao vivo lançado em 1980, talvez seja a maior prova disso. A exuberância instrumental do Supertramp fica evidente em suas faixas, onde a técnica trabalha na construção de pequenas jóias da pop music. Dreamer e suas evoluções vocais é um belo exemplo disso. Breakfast In America, outro.

Mas os melhores momentos de Paris estão logo no seu início. "School", que abre o álbum, é uma das melhores músicas do grupo. Nela, a voz aguda de Roger Hodgson e o piano onipresente de Rick Davies, as duas maiores características do Supertramp, mostram uma sincronia absurda. O solo de Davies nesta faixa é antológico.

O outro é The Logical Song, talvez a canção mais conhecida do Supertramp, onde percebe-se como a banda soube usar do seu conhecimento musical para criar uma composição repleta de momentos que grudam na cabeça do ouvinte, mas que não soam necessariamente chatos. The Logical Song é um exemplo claro dos tempos em que a música pop possuía outro significado, e não era apenas uma classificação preguiçosa dada a artistas no mínimo medianos, mas que, infelizmente, dominam as paradas atualmente.

Paris é o melhor momento do Supertramp. Se você quer ter apenas um disco da banda, não existe escolha melhor.

Por: Cadao

1980 | PARIS

CD 1
01 | School
02 | Ain't Nobody But Me
03 | The Logical Song
04 | Bloody Well Right
05 | Breakfast In America
06 | You Started Laughing
07 | Hide In Your Shell
08 | From Now On

CD 2
01 | Dreamer
02 | Rudy
03 | A Soapbox Opera
04 | Asylum
05 | Take The Long Way Home
06 | Fool´s Overture
07 | Two Of Us
08 | Crime Of The Century

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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Deep Purple

Enquanto os Estados Unidos empurravam o Vietnã do Norte para a mesa de negociações em Paris, o Deep Purple soltava uma carga de canhão na forma de um álbum duplo ao vivo. Depois de uma turnê pela América durante o verão, eles foram ao Japão, onde o selo regional pressionou o grupo a fazer uma gravação ao vivo para saciar os fãs locais, que cantaram cada palavra das letras nas três`noites de shows, em Osaka e Tóquio, no mês de agosto.

A banda insitiu em que o engenheiro Martin Birch coordenasse a gravação. Ian Gillan, que vinha sofrendo com uma inflamação na garganta, estava com "vergonha"de seus vocais, mas sua avaliação foi mais crítica do que a voz. A gravação foi lançada sem overdubs e demonstrou a majestade nua e crua do Deep Purple no auge de seu poder.

O álbum foi lançado na Inglaterra apenas para inibir o mercado pirata. Mas vendeu tão bem nos Estados Unidos que acabou ganhando uma edição local, na primavera de 1973, e chegou ao sexto lugar nas paradas, se tornando o disco do Purple mais vendido no país. Made In Japan, a essa altura, já era considerado um clássico.

Cada faixa traz uma versão sólida e melodramática da gravação em estúdio. Highway Star abre o disco com furiosos teclados, guitarra e percurssão, que se fundem numa tempestade sonora coroada pelos gritos primais de Ian Gillan. Seu vocal dolorido em Child In Time oferece uma pausa antes do balanço de Smoke On The Water e Strange Kind Of Woman. O guitarrista Ritchie Blacmore e o tecladista Joh Lord saem de si nos solos de Lazy, e The Mule é uma vitrine para o virtuosismo de Ian Paice.

A gigantesca Space Truckin' - 20 minutos de caos estratoférico - se enquadra no que a Rolling Stone descreveu como "uma delícia garantida (...) o monstro do metal definitivo do Purple". Imperdível!

Por Tim Jones

1972 | MADE IN JAPAN

01 | Highway Star
02 | Child in Time
03 | Smoke on the Water
04 | The Mule
05 | Strange Kind of Woman
06 | Lazy
07 | Space Truckin'


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Led Zeppelin

Levando pelo menos duas gerações de adolescentes a tocar guitarras imaginárias no quarto, Led Zeppelin IV praticamente definiu o hard rock e o heavy metal. O álbum tem um pouco de folk music, blues, rock'n roll e sons psicodélicos. Mas não há engano: este era também o som de uma banda se preparando para encher estádios.

Faixas cheias de riffs com Black Dog, e Rock And Roll parecem ensurdecedoras perto das meditações mais espirituais de Misty Moutain Hop e Going To California. Starway To Heaven erevelou a crescente obsessão do grupo pelo oculto, a religião e a mitologia inglesa (havia rumores de que, se tocada de trás para frente, a faixa revelaria mensagens satânicas). A performance de Jimmy Page - especialmente os dois ferozes solos de Starway To Heaven (a canção mais tocada,até hoje, nas rádios dos Estados Unidos) - influenciaria legiões de grupos de rock como Aerosmith, Metallica, Guns n'Roses e Tool.

A mística do álbum foi alimentada ainda pela capa, que não contém o nome da banda nem do disco (daí seus apelidos, Four Symbols e Zoso, em referência aos símbolos rúnicos na parte interna).

Isto posto, é bom ressltar que o disco sofre, se bem que apenas ocasionalmente de excesso de pretensão. Se o álbum anterior ...III, predominantemente acústico, era um pouco mais humilde, este mostra o Led Zeppelin em seu estado mais pomposo, e essa grandiosidade sonora deixou espaço para a banda ser ridicularizada. Cinco anos depois, o heavy metal seria superado pelo punk rock, um anúncio fúnebre para grupos como o Led Zeppelin. Mas isso ainda estava por vir. Led Zeppelin IV revela uma banda no auge dos seus poderes - e com muita honra.

Por Burhan Wazir

1971 | LED ZEPPELIN IV

01 | Black Dog
02 | Rock And Roll
03 | The Battle Of Evermore
04 | Stairway To Heaven
05 | Misty Mountain Hop
06 | Four Sticks
07 | Going To California
08 | When The Levee Breaks

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The Doors


Mais conhecido como Morrison Hotel, embora, de acordo com as paradas americanas, o título fosse Morrison Hotel/Hard Rock Café, este foi o quinto álbum do The Doors em três anos (o tecladista Ray Manzarek reparou no hotel quando dava uma volta pelo centro de Los Angeles com sua mulher). O grupo estava sob pressão porque o líder Jim Morrison respondia a um processo por obscenidade. De Fato, a banda gravou vários shows para fazer um disco ao vivo, caso Morrison fosse condenado à prisão, mas o sistema legal dos Estados Unidos era tãop lento que houve tempo para o lançamento de um álbum de estúdio.

The Soft Parade, o disco anterior, havia sido considerado desapontador e sem inovações. Talvez como resultado disso, o novo álbum era um robusto mergulho no R&B, revelando as raízes do grupo. A agressiva Roadhouse Blues causa impacto imediato, com o conhecido Lonnie Mack no baixo e John Sebastian, do Lovin' Spoonful (G Puglese), na harmônica (a música foi regravada por grupos tão diversos como Blue Oyster Cult e Frank Goes To Hollywood). O funk inquieto Peace Frog repercute a convulsão social da época e põe em destaque New Haven, onde Morrison havia sido preso em pleno palco. A estridente You Make Me Real, dominada pelo teclado, mostra o vocalista no auge de sua força; em outras faixas, ele é mais suave, como em Blue Sunday, na sinuosa The Spy e em Indian Summer, uma linda balada que, com sua sinuosa linha de baixo, leva à obra magna do The Doors, The End. A banda estava de volta ao bom caminho.

Por John Tobler

1970 | MORRISON HOTEL

01 | Roadhouse Blues
02 | Waiting For The Sun
03 | You Make Me Real
04 | Peace Frog
05 | Blue Sunday
06 | Ship Of Fools
07 | Land Ho!
08 | The Spy
09 | Queen Of The Highway
10 | Indian Summer
11 | Magiie M'Gill

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The Beatles

Em 1964, os americanos que comprara Meet The Beatles foram apresentados a quatro rapazes de franja e terninho que não pareciam encarnar de forma alguma o desejo de liberdade. Apenas dois anos depois é que os fãs puderam chegar perto de conhecer os verdadeiros Beatles - estrelas do pop cheias de imaginação. E só mais tarde a banda - particularmente Lennon - iria desnudar sua alma.. Mas Rubber Soul já valia a pena.

O álbum injeta mística no mundo dos Beatles. A capa psicodélica - a foto, feita por uma lente grande-angular, dá ao grupo, muito sério, um ar de "ligadão" - nem traz o nome da banda (era a primeira vez que isso acontecia nos Estados Unidos).

Das letras obscuras, a melhor é a de Norwegian Wood (this Bird Has Flown), de Lennon - que, como I'm Looking Through You, McvCartney, faz alusão à sua turbulenta vida pessoal. Nowhere Man, porém, descarta totalmente o romance - coisa rara para o grupo até então.

A sentimental Michelle compensa em beleza o que não tem em profundidade, enquanto Girl é enganosamente simples (bem mais sofisticada do Just Like A Woman, de Bob Dylan, segundo o crítico Greil Marcus).

Musicalmente, Rubber Soul é um passo à frente. Os elementos-chave do disco incluem a cítara e, em Think For Yourself, o baixo distorcido - como The Word, é um rock sem data de validade.

A maior ofensa ao reinado dos Beatles não é Ob-La-Di, Ob-La-Da. É fato de Rubber Soul ser tão subestimado. O álbum não contém hits (sucesso nos EUA como single, Nowhere Man não foi incluída na versão americana do LP), mas seria um destaque na discografia de qualquer banda menor.

Por Bruno MacDonald

1965 | RUBBER SOUL

01. Drive My Car
02. Norwegian Wood (This Bird Has Flown)
03. You Won’t See Me
04. Nowhere Man
05. Think For Yourself
06. The World
07. Michelle
08. What Goes On
09. Girl
10. I’m Looking Through You
11. In My Life
12. If I Needed Someone
13. Run For Your Life

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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Uriah Heep



Com este disco e o seguinte, o Uriah Heep atingiu o auge de sua criatividade e do bom uso da mistura de peso e leveza. A estabilização da formação, com Kerslake firme na bateria e Gary Thain assumindo o baixo, deu a química que faltava para a banda atingir todo seu potencial. Foi também aqui que a temática de fantasia se consolidou como assunto principal das canções.

Quer pauleira? "Easy Livin'" dá uma aula, e "Rainbow Demon" não fica atrás. Quer algo mais lisérgico? "The Wizard", "Circle Of Hands" e, claro, a dobradinha final. Eu tenho verdadeiro tesão (não tem outra palavra) pela introdução de "Paradise" e pelo solo de "The Spell". São progressivos na melhor definição do termo.

Ah, a capa é assinada por Roger Dean, mestre dos "visuais chocantes" dos anos 70.

Texto: Dagda

1972 - DEMONS AND WIZARDS

The Wizard
Traveller In Time
Easy Livin'
Poet's Justice
Circle Of Hands
Rainbow Demon
All My Life
Paradise
The Spell

Bônus
Why (B-side)
Why (Original version)
Home Again To You

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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Genesis

SELLING ENGLAND BY THE POUND

"Você pode me dizer onde está o meu país?", assim começa o hipnótico álbum conceitual do Genesis lançado ao fim de 1973. Selling England By The Pound é a afirmação do Genesis como uma das maiores bandas do progressivo e, para a época, do rock.

Em diversos aspectos, Selling England By The Pound é inovador, não apenas dentro da temática progressiva, mas para a indústria fonográfica em si. Músicas com muitas quebradas de tempo, alterações de estilo, uso indiscriminado de sintetizadores e o teatralismo do seu vocalista Peter Gabriel são os principais trunfos. No palco, porém, os "anjos de Gabriel" (nome que Peter queria para a banda) se portavam de modo inovador, principalmente a partir desta época. Muitos figurinos, arte visual rebuscada (que o diga a linda capa de Selling England By The Pound, versão modificada d'O Sonho de Betty Swanwick) e músicas extremamente rebuscadas e complexas. After The Ordeal e a clássica Cinema Show são extremamente ricas e casam muito bem em sequência.

As músicas "conceituais" do disco, sobre a decadência da Inglaterra no passado e no presente, são fantásticas e cheias de preciosidades ocultas. As interpreções da faixa-título ou da idílica Battle of Epping Forest são épicas e inimagináveis para qualquer outra banda, talvez o Jethro Tull e olhe lá. As lindas baladas More Fool Me e I Know What I Like também são um grande reforço para marcar o disco como uma das grandes obras progressivas e mantendo-o com o toque pop que caracterizaria o fim do Genesis.

Selling England By The Pound não é o auge de Peter Gabriel, mas mostra como seria. Não é o começo da participação mais efetiva de Phil Collins, mas é onde ele mostra que pode ser mais efetivo. Não é o principal disco do Genesis, mas mostra todas as direções que eles poderiam aportar. É, sem dúvida, disco importantíssimo para o cenário musical da época e, por isso, essencial.

1973 | SELLING ENGLAND BY THE POUND

01 | Dancing with the Moonlit Knight
02 | I Know What I Like (In Your Wardrobe)
03 | Firth of Fifth
04 | More Fool Me
05 | The Battle of Epping Forest
06 | After the Ordeal
07 | The Cinema Show
08 | Aisle of Plenty

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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Meus amigos, meus heróis...

Ana Beatriz e João Lucas

... CONTOS DA LUA VAGA ...

Esperança viva
Que o sangue amansa
Vem lá do espaço aberto
E faz do nosso braço
Um abrigo
Que possa guardar

A vitória do sentimento claro
Vencendo todo medo
Mãos dadas pela rua
Num destino de luz e amor
Vem agora
Quase não há mais tempo
Vem com teu passo firme
E rosto de criança
A maldade já vimos demais

Olha
Sempre poderemos viver em paz
Em tempo
Tanto a fazer pelo nosso bem
Iremos passar
Mas não podemos nunca esquecer
De mais alguém
Que vem
Simples inocentes a nos julgar
Perdidos
As iluminadas crianças
Herdeiras do chão
Solo plantado
Não as ruínas de um caos

Diamantes e cristais
Não valem tal poder
Contos de luar
Ou a história dos homens
Lua vaga vem brincar
E manda teus sinais
Que será de nós
Se estivermos cansados
Da verdade
Do amor

Esperança viva
Que a mão alcança
Vem com teu passo firme
O rosto de criança
A maldade já vimos demais

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Sarah Blasko

Sarah Blasko é uma cantora australiana nascida em 1976 e vencedora de prêmios australianos pela sua música. Ganhou respeito a fama pelo seu segundo álbum, lançado em 2006 e chamado “What The Sea Wants, The Sea Will Have”. Blasko é um dos maiores nomes da música alternativa australiana e mundial e sua música influencia artistas pela originalidade e intensidade.

2002 | PRELUSIVE (EP)

01 | Your Way
02 | Will You Ever Know
03 | Be Tonight
04 | Sweet Surrender
05 | Follow The Sun
06 | New Religon



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2004 | THE OVERTURE & THE UNDERSCORE

01 | All Coming Back
02 | Beautiful Secrets
03 | Always Worth It
04 | At Your Best
05 | Don't U Eva
06 | Counting Sheep
07 | Perfect Now
08 | Sweetest November
09 | Cinders
10 | True Intentions
11 | Remorse

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2006 | WHAT THE SEA WANTS, THE SEA WILL HAVE

01 | For You
02 | The Garden's End
03 | Explain
04 | Albatross
05 | Planet New Year
06 | Amazing Things
07 | Always On This Line
08 | Woman By The Well
09 | Hammer
10 | Queen of Apology
11 | Showstopper
12 | I Could Never Belong

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2009 | AS DAY FOLLOWS NIGHT

01 | Down on Love
02 | All I Want
03 | Bird on a Wire
04 | Hold On My Heart
05 | We Won't Ruin
06 | Is My Baby Yours?
07 | Sleeper Awake
08 | No Turning Back
09 | Lost & Defeated
10 | Over & Over
11 | I Never Knew
12 | Night & Day to You

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2009 | AS DAY FOLLOWS NIGHT
(Live At The Forum)



01 | Down on Love
02 | Bird On a Wire
03 | Lost & Defeated
04 | Hold On My Heart
05 | Sleeper Awake
06 | We Wont Run
07 | I Never Knew
08 | All I Want
09 | No Turning Back
10 | Xanadu
11 | The Gardens End
12 | Hammer
13 | Always On This Line
14 | Planet New Year
15 | Explain

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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Estes Brothers

1971 | TRANSITIONS

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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Robert Crumb


:: BLUES ::

Robert Crumb é uma lenda. Uma lenda magrela, franzina e tímida, daquelas que esconde atrás de seu sorriso uma inteligência voraz e uma visão inconformada das coisas que o cercam. Em Blues (Conrad), Crumb constrói uma ode aos primeiros anos do estilo, enquanto massacra a música popular moderna, que na verdade é qualquer coisa criada dos anos 70 para cá. "Eu me interesso por épocas anteriores, mas os anos 1920 e 1930 são próximos o suficiente para me despertar um envolvimento pessoal", diz o desenhista no posfácio, para depois completar: "A música moderna sempre me pareceu apocalíptica".

Blues reúne, pela primeira vez, as HQs "musicais" de Crumb e as capas de discos, filipetas, anúncios e cartazes que o quadrinista fez nas últimas quatro décadas. As HQs já haviam sido reunidas em Crumb Draws the Blues (inédita no País), enquanto as capas de discos foram compiladas na França e na Holanda, mas nunca publicadas em um mesmo livro.

A relação do desenhista com a música é o mote de Blues, que conta com dezenas de histórias deliciosamente nostálgicas, honrando o velho bordão "como era boa aquela época" enquanto sacaneiam os tempos modernos em um livro que é um retrato impressionante a respeito dos bluesmen norte-americanos. "Eu adoro música. No entanto, não sou um grande músico. No máximo, arranho um banjo ou um violão. Para mim, a música é o maior dos prazeres, com o sexo. Mais do que arte, admito", garante Crumb. E essa relação apaixonada é exibida ao extremo em Blues.

Desenhada em 1984, Patton conta a história do blueseiro que trocou a alma pelo sucesso com o demo em uma encruzilhada, bateu e apanhou de muitas mulheres, entornava álcool como respirava e gravou alguns dos maiores blues de todos os tempos, para morrer totalmente desconhecido. "A música que Patton tocava e cantava não pode ser descrita de maneira alguma. Ela precisa ser ouvida".

As Velhas Canções São As Melhores é um dos trechos mais hilariantes do livro, e lembra muito o estilo MAD de ver as coisas. Crumb traduz para os quadrinhos, literalmente, quatro canções e o resultado é uma acachapante sacanagem com as músicas, mas a grande carta de intenções do livro é a história Onde Foi Parar Toda Aquela Música Magnífica de Nossos Avós (1985), que detona Bruce Springsteen e até cita o Menudo! Para Crumb, o problema é que a música elétrica é tocada alta demais, sem contar que desde Robert Plant, passando por Bon Jovi, Guns e chegando no Darkness, gritar e cultivar uma cabeleira decente ficou muito mais importante do que tocar uma simples canção.

Além da crítica voraz de Crumb, em histórias recheadas de cinismo e diretas no queixo da juventude consumista, Blues traz as ilustrações coloridas do quadrinista para capas de discos, revistas e até filipetas de sebo e selos de vinis. Robert Johnson é retratado com suprema maestria para a capa da revista 78 Quarterly (1988) enquanto o violinista Louie Bluie ganhou uma sensacional capa de disco: de um lado, uma bela negra seminua e do outro, ele, o demônio. Entre os dois, o blueseiro. No entanto, nenhuma capa de disco de Crumb ficou mais famosa que a para o álbum Cheap Thrills, da banda Big Brother & The Holding Company, que contava com os vocais da então desconhecida Janis Joplin, amiga de Crumb. Clássica é pouco para a capa do disco. A própria capa do livro foi retirada também de uma capa de disco, a coletânea Harmônica Blues, com canções dos anos 20 e 30.

Em uma edição caprichada da Conrad - que já lançou no Brasil o álbuns com histórias de Fritz The Cat, Mister Natural, a compilação de trechos da revista Zap Comix, e América - Blues também conta com a presença de Mr Natural e o famoso "Keep on Truckin", além de fotos do próprio Crumb em atividade com sua banda (sim, ele montou uma banda!!!), que, segundo um dos cartazes presentes no livro, é "a banda perfeita para todas as ocasiões: festas, casamentos, quadrilhas, festivais e pequenos clubes". Em um cartaz anunciando um disco do R. Crumb & The Cheap Suit Serenaders, o desenhista (e tocador de banjo) avisa: "Nós não usamos glitter, nem penduricalhos, pulseiras ou colares brilhantes nessa banda de homens. Apenas tocamos a melhor música que podemos".

Blues é, mais do que qualquer outra coisa, uma reverência ao passado, e como observou Rosane Pavam no ótimo prefácio do livro, "o passado é uma ilusão - e como ilusão precisa ser restabelecido, ou ser um homem não fará senso". Por baixo da veia satírica com que Crumb detona os dias atuais e se declara apaixonado pelo passado também há muita nostalgia. A crítica, no entanto, serve para chacoalhar o leitor e mostrar que as coisas que existem hoje em dia brotaram no passado e foram sendo afetadas pela cultura de massa até tomarem a forma que tomaram. E vão continuar mudando. No fundo, bem lá no fundinho, música boa é música antiga. Se tirarmos as histórias inventadas, as roupas, o glamour, a moda e o marketing, pouco sobra de tudo que ouvimos atualmente da "melhor banda de todos os tempos da última semana". É ali, no som do violão cru e da voz rascante que está a redenção. Nos velhos discos de vinil (discos de vinil? Meu Deus, o que é isso?) de 78 RPM. Amém.

Por: Marcelo Costa



2004 | BLUES
Robert Crumb | 108 páginas


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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

The Long Ryders

Vários grupos tentaram preservar o espírito dos anos 60 na década de 80. Alguns apostaram em revitalizar o psicodelismo – casos de Echo and the Bunnymen, The Cult – e outras bandas quiseram mostrar igualmente essa vertente, mas indo buscar bandas como Byrds e Love. Nesse contexto o pessoal do Paisley Underground, que integrou grupos como Dream Syndicate, Rain Parade e Green On Red foram especialistas. E, talvez, o melhor grupo tenha sido o Long Ryders.

Produzido por Henry Lew, responsável pelo mesmo trabalho em dois discos do Flying Burrito Brothers. Native Sons é um disco extremamente bem feito, com fortes toques folks e contry. A influência dos Byrds pode ser ouvida nas Rickenbacker de 12 cordas usadas por Sid, uma das marcas registradas do antigo grupo de Roger McGuinn e David Crosby. E para que a influência fosse mais visível convidam ninguém menos que Gene Clark (ex-Byrds) para os vocais em “Ivory Tower”.

Mais sobre The Long Ryders: AQUI

1984 | NATIVE SONS

01 | Final Wild Son
02 | Still Get By
03 | Ivory Tower
04 | Run Dusty Run
05 | (Sweet) Mental Revenge
06 | Fair Game
07 | Tell It To The Judge On Sunday
08 | Wreck Of The 809
09 | Too Close To The Light
10 | Never Got To Meet The Mom
11 | I Had A Dream

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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O'Seis

A história dos Mutantes começa em 1964, quando Arnaldo Baptista é convidado a entrar para o grupo The Wooden Faces por seu irmão Cláudio César Dias Baptista, então guitarrista da banda. Um ano depois, discordâncias em relação ao estilo musical que os Wooden Faces deveriam seguir decreta o fim do grupo. Arnaldo e outro integrante, Raphael Villardi, conhecem Rita Lee e decidem formar com Sérgio, irmão mais novo de Baptista, uma banda chamada Six Sided Rockers. Cláudio César passa a ficar “nos bastidores” construindo todo o equipamento, mesas de som e instrumentos da banda, inclusive as lendárias Guitarras de Ouro de Sérgio e Raphael.

Gravam em 1966 então um compacto pela gravadora Continental, com as músicas “Suicida” (Raphael Vilardi / Roberto Loyola) e “Apocalipse” (Raphael Vilardi / Rita Lee), agora renomeados para O’Seis. O conjunto O’Seis era então composto por: Raphael, Arnaldo, Sérgio, Rita, Mogguy e Pastura.

O disco tem a capa inspirada no álbum “With the Beatles” do quarteto Britânico, e é uma verdadeira raridade no mercado de vinil. Segundo a lenda foram prensadas 500 cópias da bolachinha, sendo que 300 delas foram distribuídas principalmente às lojas de Porto Alegre-RS.

Este é o primeiro registro sonoro de Arnaldo Baptista e no ano seguinte, ao saírem do grupo Raphael, Mogly e Pastura, reduzido a um trio, surgia Os Mutantes.

Texto: Last.fm
1966 | O’SEIS

Suicida
Apocalipse

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