THE LAMB LIES DOWN ON BROADWAY
Em cinco anos e tanto de BIZZ, esta é a terceira vez que um grupo progressivo "clássico" chega à Discoteca Básica (os outros dois grupos que compareceram a esta coluna da revista foram: King Crimson, com In The Court Of The Crimson King (1969), na Bizz 6, e Pink Floyd, com The Dark Side Of The Moon (1973), na Bizz 21). Por mais controversa que seja a posição deste "movimento" dentro da história do rock, ele marcou seus tentos. The Lamb Lies Down On Broadway faz parte do score favorável ao time dos dinossauros.
Antes de The Lamb..., o Genesis já havia superado sua imagem de mera college band inglesa dos anos 70 com Nursery Crime, em que estabeleceu as coordenadas de seu estilo particular a partir da formação mais consistente do grupo - Peter Gabriel (voz, letras), Steve Hackett (guitarra), Phil Collins (bateria), Michael Rutherford (baixo) e Tony Banks (teclados). Este estilo, para quem gosta de etiquetas, carregaria sem problemas a marca de "rock programático", ou seja, uma música de intenções pop inspirada por uma idéia não-musical, uma espécie de descrição de imagens elaborada através dos sons.
Em cinco anos e tanto de BIZZ, esta é a terceira vez que um grupo progressivo "clássico" chega à Discoteca Básica (os outros dois grupos que compareceram a esta coluna da revista foram: King Crimson, com In The Court Of The Crimson King (1969), na Bizz 6, e Pink Floyd, com The Dark Side Of The Moon (1973), na Bizz 21). Por mais controversa que seja a posição deste "movimento" dentro da história do rock, ele marcou seus tentos. The Lamb Lies Down On Broadway faz parte do score favorável ao time dos dinossauros.
Antes de The Lamb..., o Genesis já havia superado sua imagem de mera college band inglesa dos anos 70 com Nursery Crime, em que estabeleceu as coordenadas de seu estilo particular a partir da formação mais consistente do grupo - Peter Gabriel (voz, letras), Steve Hackett (guitarra), Phil Collins (bateria), Michael Rutherford (baixo) e Tony Banks (teclados). Este estilo, para quem gosta de etiquetas, carregaria sem problemas a marca de "rock programático", ou seja, uma música de intenções pop inspirada por uma idéia não-musical, uma espécie de descrição de imagens elaborada através dos sons.
Esta "trilha sonora" das letras alegóricas de Gabriel - que se colocava em posição diametralmente oposta à música absoluta praticada pelo King Crimson, fase 72/74 - chega ao seu ápice em The Lamb... Ao mesmo tempo, Gabriel praticamente monopoliza a concepção do álbum, a ponto de não ser muito difícil considerar o disco como seu primeiro trabalho solo.
Sem dúvida, seus colegas tiveram um trabalho considerável em dar movimento a uma história criada basicamente segundo a velha técnica surrealista da escrita automática. Gabriel concentrou uma massa de referências literárias dentro de uma trip de autoconhecimento. Seu personagem - Rael - é um porto-riquenho líder de gangue juvenil em Nova York. Ele é capturado por um objeto voador e perde-se em um esquisito mundo de alegorias da sociedade de consumo. Durante a viagem, Rael se embaralha em encontros com Marshall McLuhan (em "Broadway Melody Of 1974") ou figuras saídas das visões de William Blake (as "wise and foolish virgins" de "Carpet Crawl"). Por trás das máscaras, simulações e citações que o próprio Gabriel só entenderia nos mais de cem shows que o grupo fez para divulgar o álbum.
Sem dúvida, seus colegas tiveram um trabalho considerável em dar movimento a uma história criada basicamente segundo a velha técnica surrealista da escrita automática. Gabriel concentrou uma massa de referências literárias dentro de uma trip de autoconhecimento. Seu personagem - Rael - é um porto-riquenho líder de gangue juvenil em Nova York. Ele é capturado por um objeto voador e perde-se em um esquisito mundo de alegorias da sociedade de consumo. Durante a viagem, Rael se embaralha em encontros com Marshall McLuhan (em "Broadway Melody Of 1974") ou figuras saídas das visões de William Blake (as "wise and foolish virgins" de "Carpet Crawl"). Por trás das máscaras, simulações e citações que o próprio Gabriel só entenderia nos mais de cem shows que o grupo fez para divulgar o álbum.
No geral, as músicas se revelam brilhantes. Optando por um formato mais compacto de cada canção, o quinteto concentra atenção nas experimentações com timbres e na construção de uma narrativa musical. A faixa-título é uma tijolada conduzida pelo baixo de Rutherford, revidada no lado 2 pelo "quase-blues" apresentado em "Back In N.Y.C.". O primeiro disco perde um pouco de sua unidade no final, deixando o melhor para o lado 3: a condução da bateria de Collins na seção final da desconstruída "The Waiting Room" e a pérola de ironia na conversa de Rael com a morte em "Anyway" ("Dizem que ela vem a cavalo/mas estou certo que ouço um trem."). O lado 4 abre "The Colony Of Slippermen" com uma vinheta instrumental "japonesa", retomando os temas principais em "The Lamb Dies Down On Broadway" e encerrando com a antecipação do que seria o som do Genesis depois da saída de Gabriel, logo depois. Sintomaticamente, é a pior parte do álbum.
The Lamb... é um disco de entrelinhas, com detalhes que demoram a ser assimilados. Contribui para isso a pequena participação de Brian Eno, fazendo "tratamentos" reconhecíveis nas faixas ambientais (como "Silent Sorrow In Empty Boats"). As hierarquizações dos planos vocais, as intervenções de Collins interpretando John - o irmão de Rael - são aspectos do testamento da união entre Gabriel e o Genesis. Depois deste álbum, só o vocalista faria algo que mereça ser acrescentado a outra edição desta coluna.
Marcos Smirkoff
Revista BIZZ - ano 7 - nº 02 - edição 67 - Fevereiro, 1991
página 66 - Discoteca Básica - Editora Azul
The Lamb... é um disco de entrelinhas, com detalhes que demoram a ser assimilados. Contribui para isso a pequena participação de Brian Eno, fazendo "tratamentos" reconhecíveis nas faixas ambientais (como "Silent Sorrow In Empty Boats"). As hierarquizações dos planos vocais, as intervenções de Collins interpretando John - o irmão de Rael - são aspectos do testamento da união entre Gabriel e o Genesis. Depois deste álbum, só o vocalista faria algo que mereça ser acrescentado a outra edição desta coluna.
Marcos Smirkoff
Revista BIZZ - ano 7 - nº 02 - edição 67 - Fevereiro, 1991
página 66 - Discoteca Básica - Editora Azul
1974 - THE LAMB LIES DOWN ON BROADWAY
CD 1:
The Lamb Lies Down on Broadway
Fly on a Windshield
Broadway Melody of 1974
Cuckoo Cocoon
In the Cage
The Grand Parade of Lifeless Packaging
Back in N.Y.C.
Hairless Heart
Counting Out Time
The Carpet Crawlers
The Chamber of 32 Doors
CD 2:
Lilywhite Lilith
The Waiting Room
Anyway
Here Comes The Supernatural Anaesthetist
The Lamia
Silent Sorrow in Empty Boats
The Colony of Slippermen (Arrival – A Visit to the Doktor – Raven)
Ravine
The Light Dies Down on Broadway
Riding the Scree
In the Rapids
It
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CD 1:
The Lamb Lies Down on Broadway
Fly on a Windshield
Broadway Melody of 1974
Cuckoo Cocoon
In the Cage
The Grand Parade of Lifeless Packaging
Back in N.Y.C.
Hairless Heart
Counting Out Time
The Carpet Crawlers
The Chamber of 32 Doors
CD 2:
Lilywhite Lilith
The Waiting Room
Anyway
Here Comes The Supernatural Anaesthetist
The Lamia
Silent Sorrow in Empty Boats
The Colony of Slippermen (Arrival – A Visit to the Doktor – Raven)
Ravine
The Light Dies Down on Broadway
Riding the Scree
In the Rapids
It
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