Os pioneiros do southern rock, como a banda dos irmãos Allman e o Lynyrd Skynyrd, tiveram papel fundamental na concepção e no desenvolvimento das guitarras gêmeas. Além deles, outras duas bandas foram essenciais nesse quesito: o Thin Lizzy e o Wishbone Ash. Enquanto a banda do vocalista e baixista Phil Lynott começou a desenvolver as twin guitars a partir da substituição de Eric Bell - até então único guitarrista do grupo - pela dupla formada por Scott Gorham e Brian Robertson, que estreou no quarto disco do grupo, "Night Life", de 1974, o Wishbone Ash já trazia essa característica desde sua formação, em agosto de 1969. Mas, ainda que os dois primeiros álbuns do grupo - "Wishbone Ash" de 1970 e "Pilgrimage" de 1971 - demonstrassem essa faceta, foi em "Argus", terceiro LP do conjunto, que ela se revelou por inteira, em toda sua beleza e complexidade.
Lançado em 28 de abril de 1972, "Argus" é o mais conhecido disco do Wishbone Ash, além de ser considerado o melhor trabalho da banda pela imensa maioria dos fãs e críticos. Contando com seu line-up clássico - Martin Turner (vocal e baixo), Andy Powell (guitarra e vocal), Ted Turner (guitarra e vocal) e Steve Upton (bateria) -, o Wishbone Ash concebeu um dos mais belos registros dos anos setenta. O álbum foi gravado no De Lane Sea Studios, em Londres, em janeiro de 1972, e teve produção de Derek Lawrence, que havia produzido os três primeiros LPs do Deep Purple, e o engenheiro de som do disco foi Martin Birch, que mais tarde se tornaria famoso por trabalhos ao lado do Iron Maiden.
As sete faixas de "Argus" trazem uma alquimia entre o rock progressivo, o folk e o hard rock, resultando em um som ímpar. Mas a principal característica do play, indiscutivelmente, é o brilhante trabalho de Powell e Turner na construção de belíssimas melodias com suas guitarras, que se entrelaçam em arranjos complexos que progridem em harmonias arrepiantes, levando o ouvinte para outras dimensões. Na minha opinião, sem dúvida "Argus" é o ponto zero das guitarras gêmeas. Por mais que algumas bandas já tivessem experimentado essa característica em seus sons, foi neste disco que o conceito foi definido, de maneira sólida e definitiva.
O LP abre com "Time Was" e sua bela introdução acústica, que serve de base para os vocais de Martin e Ted Turner. Após esse trecho, a faixa evolui para uma empolgante levada, com cativantes linhas vocais e longos trechos instrumentais repletos de inspiração, antecipando o que estava por vir. A balada "Something World" é cantada por Martin Turner com uma forte carga de emoção, o que torna a faixa ainda mais arrepiante. Destaque para os delicados arranjos e solos de guitarra, mostrando que não é preciso tocar à velocidade da luz para ser considerado um grande instrumentista. A mudança de andamento no meio da faixa leva a um trecho muito mais animado, novamente com longas passagens instrumentais entrecortadas por ricas harmonias vocais. Sensacional!
"Blowin´ Free", uma das músicas mais conhecidas do Wishbone Ash, vem a seguir, e é impossível, mesmo passados quase quarenta anos do lançamento do disco original, não se arrepiar com o riff inicial da canção. Os vocais são divididos entre Martin Turner, Ted Turner e Andy Powell, em um resultado final sublime. Essa faixa é simplesmente um hino, perfeita para pegar a estrada sem rumo e sem destino.
Uma das minhas prediletas, "The King Will Come", dá sequência ao play. As guitarras dessa faixa são um show à parte, alternando-se entre riffs inspirados e solos furiosos, isso sem falar nos vocais, agora divididos entre Martin e Andy, quase espirituais em certos momentos. Resumindo: uma composição brilhante!
"Leaf and Stream" dá uma acalmada nas coisas, e aqui percebe-se claramente as influências celtas no som do Wishbone Ash, principalmente pelas linhas vocais de Martin Turner. Os solos esbanjam classe e delicadeza, mostrando todo o talento de Andy Powell e Ted Turner. Uma ótima canção acústica.
O disco fecha em grande estilo, com duas de suas melhores faixas. "Warrior" é um hard classudo com grandes melodias, alternância de andamentos e um refrão marcante. Já "Throw Down the Sword" surge nos alto-falantes evoluindo sobre uma bela harmonia de guitarras, culminando com um solo duplo sensacional em seu final, onde as duas guitarras se cruzam e se complementam.
Uma coisa que chama a atenção ainda hoje é o timbre alcançado por Andy Powell e Ted Turner no disco. Suas guitarras soam puras e limpas, sonoridade essa que realça ainda mais todos os detalhes dos riffs e arranjos presentes no álbum. Na minha opinião, "Argus" tem um dos mais belos timbres de guitarra já gravados, fácil, fácil.
O impacto de "Argus" foi imediato. O disco foi muito bem aceito pelos fãs e pela crítica. A revista inglesa Sounds Magazine elegeu "Argus" como álbum do ano. O sucesso foi tamanho que um público muito maior que o habitual começou a ir aos shows do Wishbone Ash, transformando a turnê de divulgação do LP em uma das mais concorridas do biênio 1972-1973.
Em 1991 "Argus" teve sua primeira edição em CD, e como atrativo extra para os fãs trouxe a faixa "No Easy Road", originalmente lançada como b-side do single de "Blowin´ Free", como bônus. Em 2002 o disco ganhou uma reedição remasterizada, que trouxe como bônus as três faixas lançadas originalmente no EP promocional "Live from Memphis", de 1972 - "Jail Bait", "The Pilgrim" e "Phoenix" -, gravadas ao vivo pela banda nos estúdios da WMC FM.
Finalmente, em 2007 foi lançada uma Deluxe Edition do álbum, com nada mais nada menos que onze faixas bônus. Além das já conhecidas "No Easy Road" e das versões de "The Pilgrim" e "Phoenix" do "Live from Memphis", o disco trouxe seis faixas gravadas ao vivo em um evento chamado BBC in Concert - "Time Was", "Blowin´ Free", "Warrior", "Throw Down the Sword", "The King Will Come" e "Phoenix" -, e duas registradas durante as famosas BBC sessions - "Blowin´ Free" e "Throw Down the Sword".
A tour de Argus gerou o estupendo duplo ao vivo "Live Dates", lançado em 1973, que traz quatro faixas do álbum - "The King Will Come", "Warrior", "Throw Down the Sword" e "Blowin´ Free" -, além de versões antológicas de "The Pilgrim" e "Phoenix", essa última com mais de dezessete minutos de duração. Se você curte discos ao vivo, anote a dica: "Live Dates" é um dos melhores registros ao vivo dos anos setenta, obrigatório em uma coleção de hard rock.
Além de ser o marco zero das guitarras gêmeas, que influenciariam inúmeros grupos no futuro, notoriamente os gigantes do metal britânico Judas Priest e Iron Maiden, "Argus" é o ápice da longa discografia do Wishbone Ash. Um dos mais belos discos dos anos setenta, mantém viva a sua capacidade de emocionar o ouvinte a cada nova audição. Só isso já diz muito sobre a qualidade da música que corre em seus sulcos.
Clássico e obrigatório, nesse caso, ainda é pouco.
Fonte: Whiplash
Lançado em 28 de abril de 1972, "Argus" é o mais conhecido disco do Wishbone Ash, além de ser considerado o melhor trabalho da banda pela imensa maioria dos fãs e críticos. Contando com seu line-up clássico - Martin Turner (vocal e baixo), Andy Powell (guitarra e vocal), Ted Turner (guitarra e vocal) e Steve Upton (bateria) -, o Wishbone Ash concebeu um dos mais belos registros dos anos setenta. O álbum foi gravado no De Lane Sea Studios, em Londres, em janeiro de 1972, e teve produção de Derek Lawrence, que havia produzido os três primeiros LPs do Deep Purple, e o engenheiro de som do disco foi Martin Birch, que mais tarde se tornaria famoso por trabalhos ao lado do Iron Maiden.
As sete faixas de "Argus" trazem uma alquimia entre o rock progressivo, o folk e o hard rock, resultando em um som ímpar. Mas a principal característica do play, indiscutivelmente, é o brilhante trabalho de Powell e Turner na construção de belíssimas melodias com suas guitarras, que se entrelaçam em arranjos complexos que progridem em harmonias arrepiantes, levando o ouvinte para outras dimensões. Na minha opinião, sem dúvida "Argus" é o ponto zero das guitarras gêmeas. Por mais que algumas bandas já tivessem experimentado essa característica em seus sons, foi neste disco que o conceito foi definido, de maneira sólida e definitiva.
O LP abre com "Time Was" e sua bela introdução acústica, que serve de base para os vocais de Martin e Ted Turner. Após esse trecho, a faixa evolui para uma empolgante levada, com cativantes linhas vocais e longos trechos instrumentais repletos de inspiração, antecipando o que estava por vir. A balada "Something World" é cantada por Martin Turner com uma forte carga de emoção, o que torna a faixa ainda mais arrepiante. Destaque para os delicados arranjos e solos de guitarra, mostrando que não é preciso tocar à velocidade da luz para ser considerado um grande instrumentista. A mudança de andamento no meio da faixa leva a um trecho muito mais animado, novamente com longas passagens instrumentais entrecortadas por ricas harmonias vocais. Sensacional!
"Blowin´ Free", uma das músicas mais conhecidas do Wishbone Ash, vem a seguir, e é impossível, mesmo passados quase quarenta anos do lançamento do disco original, não se arrepiar com o riff inicial da canção. Os vocais são divididos entre Martin Turner, Ted Turner e Andy Powell, em um resultado final sublime. Essa faixa é simplesmente um hino, perfeita para pegar a estrada sem rumo e sem destino.
Uma das minhas prediletas, "The King Will Come", dá sequência ao play. As guitarras dessa faixa são um show à parte, alternando-se entre riffs inspirados e solos furiosos, isso sem falar nos vocais, agora divididos entre Martin e Andy, quase espirituais em certos momentos. Resumindo: uma composição brilhante!
"Leaf and Stream" dá uma acalmada nas coisas, e aqui percebe-se claramente as influências celtas no som do Wishbone Ash, principalmente pelas linhas vocais de Martin Turner. Os solos esbanjam classe e delicadeza, mostrando todo o talento de Andy Powell e Ted Turner. Uma ótima canção acústica.
O disco fecha em grande estilo, com duas de suas melhores faixas. "Warrior" é um hard classudo com grandes melodias, alternância de andamentos e um refrão marcante. Já "Throw Down the Sword" surge nos alto-falantes evoluindo sobre uma bela harmonia de guitarras, culminando com um solo duplo sensacional em seu final, onde as duas guitarras se cruzam e se complementam.
Uma coisa que chama a atenção ainda hoje é o timbre alcançado por Andy Powell e Ted Turner no disco. Suas guitarras soam puras e limpas, sonoridade essa que realça ainda mais todos os detalhes dos riffs e arranjos presentes no álbum. Na minha opinião, "Argus" tem um dos mais belos timbres de guitarra já gravados, fácil, fácil.
O impacto de "Argus" foi imediato. O disco foi muito bem aceito pelos fãs e pela crítica. A revista inglesa Sounds Magazine elegeu "Argus" como álbum do ano. O sucesso foi tamanho que um público muito maior que o habitual começou a ir aos shows do Wishbone Ash, transformando a turnê de divulgação do LP em uma das mais concorridas do biênio 1972-1973.
Em 1991 "Argus" teve sua primeira edição em CD, e como atrativo extra para os fãs trouxe a faixa "No Easy Road", originalmente lançada como b-side do single de "Blowin´ Free", como bônus. Em 2002 o disco ganhou uma reedição remasterizada, que trouxe como bônus as três faixas lançadas originalmente no EP promocional "Live from Memphis", de 1972 - "Jail Bait", "The Pilgrim" e "Phoenix" -, gravadas ao vivo pela banda nos estúdios da WMC FM.
Finalmente, em 2007 foi lançada uma Deluxe Edition do álbum, com nada mais nada menos que onze faixas bônus. Além das já conhecidas "No Easy Road" e das versões de "The Pilgrim" e "Phoenix" do "Live from Memphis", o disco trouxe seis faixas gravadas ao vivo em um evento chamado BBC in Concert - "Time Was", "Blowin´ Free", "Warrior", "Throw Down the Sword", "The King Will Come" e "Phoenix" -, e duas registradas durante as famosas BBC sessions - "Blowin´ Free" e "Throw Down the Sword".
A tour de Argus gerou o estupendo duplo ao vivo "Live Dates", lançado em 1973, que traz quatro faixas do álbum - "The King Will Come", "Warrior", "Throw Down the Sword" e "Blowin´ Free" -, além de versões antológicas de "The Pilgrim" e "Phoenix", essa última com mais de dezessete minutos de duração. Se você curte discos ao vivo, anote a dica: "Live Dates" é um dos melhores registros ao vivo dos anos setenta, obrigatório em uma coleção de hard rock.
Além de ser o marco zero das guitarras gêmeas, que influenciariam inúmeros grupos no futuro, notoriamente os gigantes do metal britânico Judas Priest e Iron Maiden, "Argus" é o ápice da longa discografia do Wishbone Ash. Um dos mais belos discos dos anos setenta, mantém viva a sua capacidade de emocionar o ouvinte a cada nova audição. Só isso já diz muito sobre a qualidade da música que corre em seus sulcos.
Clássico e obrigatório, nesse caso, ainda é pouco.
Fonte: Whiplash
1972 | ARGUS
01 | Time Was
02 | Sometime World
03 | Blowin' Free
04 | The King Will Come
05 | Leaf and Stream
06 | Warrior
07 | Throw Down the Sword
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01 | Time Was
02 | Sometime World
03 | Blowin' Free
04 | The King Will Come
05 | Leaf and Stream
06 | Warrior
07 | Throw Down the Sword
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