Na biologia, espécie endêmica é aquela que só ocorre em uma determinada região do planeta. O Tame Impala é de Perth, na Austrália e parece que o seu som – espaçoso, supersônico e psicodélico - só poderia ser feito por quatro sujeitos que habitam uma região tão remota e isolada do planeta, mesmo para os padrões globalizantes. A origem dessa espécie ajuda um pouco a explicar o modo como ela soa no seu disco de estréia, “Innerspeaker”.
Na sua própria definição, o que a banda faz é “psychedelic hypno groove melodic rock music”. Não precisa traduzir: basta ouvir as 11 músicas do disco para perceber que os caras realmente gostam muito de rock psicodélico, sejam os campos floridos dos Beatles em sua fase “ácida” ou as pesadas viagens instrumentais do Cream. O importante, u-hu, é drop out.
É uma trilha interessante e que, apesar de bastante percorrida, ainda serve como inspiração para muita gente boa, como o Spiritualized já provou há algum tempo, quando nos levou para flutuar no espaço. O lance é que a psicodelia do Tame Impala – nome lindo para uma banda – parece diferente de todas as outras. Talvez seja a distância e o isolamento que façam com que o grupo liderado por Kevin Parker (voz, guitarra) pareça com tantos outros, mas nunca deixe de ser, paradoxalmente, tão original e avançado.
“Innerspeaker” reflete, de certa forma, o desenho de sua capa: uma vasta e exuberante floresta, levemente alterada por um campo de força (ou só eu que vi isso?). Na psicodelia do Tame Impala e seus mágicos de Oz, há áreas de atração ao stoner rock (também um filho da psicodelia) e ao pop britânico (via Stone Roses). O que faz com que essa mistura não desande ou soe ordinária é a exuberância técnica dos integrantes da banda – alémde Parker, Dominic Simper (guitarra), Nick Allbrook (baixo) e Jay Watson (bateria) – e sua postura progressista, privilegiando texturas e riffs, em vez de exibições de virtuose.
Além da mixagem de Dave Fridman (Mercury Rev, Flaming Lips), deve ter ajudado também a dar um clima especial/espacial ao disco o fato de ele ter sido gravado em um estúdio em frente ao mar, em Injidup, uma cidade de praia, a quatro horas de Perth. Entenderam? Os caras moram em Perth! Na Austrália!! E foram se isolar ainda mais para fazer “Innerspeaker”!!!
O disco – daqueles para ouvir ALTO e em boas caixas de som - é encharcado de reverb, aquele efeito que dá “espaço” às gravações, fazendo com que, às vezes, elas soem como se tivessem sido feitas em uma grande catedral. Nos vitrais, imagens do Animal Collective, Jimi Hendrix Experience, MGMT (com quem o TI excursionou recentemente), Kyuss e Love. Dentro desse contexto todo, dá para entender o poder e o estranho encanto de músicas como “Arrow time”(que parece que vai virar “I want you”, dos Beatles, a qualquer hora), “Jeremy´s Storm” e, a preferida da casa, “Alter ego”, pesada, grandiosa, ventilada, com todas as suas janelas e dimensões abertas à nossa visitação.
Texto | O Globo
Na sua própria definição, o que a banda faz é “psychedelic hypno groove melodic rock music”. Não precisa traduzir: basta ouvir as 11 músicas do disco para perceber que os caras realmente gostam muito de rock psicodélico, sejam os campos floridos dos Beatles em sua fase “ácida” ou as pesadas viagens instrumentais do Cream. O importante, u-hu, é drop out.
É uma trilha interessante e que, apesar de bastante percorrida, ainda serve como inspiração para muita gente boa, como o Spiritualized já provou há algum tempo, quando nos levou para flutuar no espaço. O lance é que a psicodelia do Tame Impala – nome lindo para uma banda – parece diferente de todas as outras. Talvez seja a distância e o isolamento que façam com que o grupo liderado por Kevin Parker (voz, guitarra) pareça com tantos outros, mas nunca deixe de ser, paradoxalmente, tão original e avançado.
“Innerspeaker” reflete, de certa forma, o desenho de sua capa: uma vasta e exuberante floresta, levemente alterada por um campo de força (ou só eu que vi isso?). Na psicodelia do Tame Impala e seus mágicos de Oz, há áreas de atração ao stoner rock (também um filho da psicodelia) e ao pop britânico (via Stone Roses). O que faz com que essa mistura não desande ou soe ordinária é a exuberância técnica dos integrantes da banda – alémde Parker, Dominic Simper (guitarra), Nick Allbrook (baixo) e Jay Watson (bateria) – e sua postura progressista, privilegiando texturas e riffs, em vez de exibições de virtuose.
Além da mixagem de Dave Fridman (Mercury Rev, Flaming Lips), deve ter ajudado também a dar um clima especial/espacial ao disco o fato de ele ter sido gravado em um estúdio em frente ao mar, em Injidup, uma cidade de praia, a quatro horas de Perth. Entenderam? Os caras moram em Perth! Na Austrália!! E foram se isolar ainda mais para fazer “Innerspeaker”!!!
O disco – daqueles para ouvir ALTO e em boas caixas de som - é encharcado de reverb, aquele efeito que dá “espaço” às gravações, fazendo com que, às vezes, elas soem como se tivessem sido feitas em uma grande catedral. Nos vitrais, imagens do Animal Collective, Jimi Hendrix Experience, MGMT (com quem o TI excursionou recentemente), Kyuss e Love. Dentro desse contexto todo, dá para entender o poder e o estranho encanto de músicas como “Arrow time”(que parece que vai virar “I want you”, dos Beatles, a qualquer hora), “Jeremy´s Storm” e, a preferida da casa, “Alter ego”, pesada, grandiosa, ventilada, com todas as suas janelas e dimensões abertas à nossa visitação.
Texto | O Globo
2010 | INNERSPEAKER
It's Not Meant To Be
Desire Be Desire Go
Alter Ego
Lucidity
Make Up Your Mind
Solitude Is Bliss
Jeremy's Storm
Expectations
Bold Arrow Of Time
Runway Houses City Clouds
I DonT Really Mind
It's Not Meant To Be
Desire Be Desire Go
Alter Ego
Lucidity
Make Up Your Mind
Solitude Is Bliss
Jeremy's Storm
Expectations
Bold Arrow Of Time
Runway Houses City Clouds
I DonT Really Mind
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